segunda-feira, agosto 27, 2007

O Homo Sapiens e as Duas Serpentes


A humanidade segue duas trilhas. A primeira, do caos. Em seu sentido universal, mitológico, físico, psíquico, cultural e social - do pó ao pó. A serpente inferior, que age como um verme pisado, e faz com que a vida, tornando-se o palco de conflitos infindáveis, incorra em sua autodestruição. É o Kali Yuga, a era dos conflitos. É o estado inferior, do homem que não se observa. Nesta trilha, as sociedades seguem sua jornada, passo a passo, a não se sabe onde.


Presas em um labirinto. Supondo evoluir quando na verdade, estão enclausuradas na teia das aparÊncias e das repetições, cumprindo o medíocre papel de autômatos, na perpétua luta contra moinhos de vento.


A segunda trilha, é a da Chama da Sabedoria. Que, independente da sua área de atuação,é a única que trabalha verdadeiramente no sentido de despertar o Homem. Partindo do princípio "conhece-te a ti mesmo", para o desenvolver suas potencialidades latentes. É a única trilha capaz de despertar a matéria para a consciência, para a aventura, eternidade. É a serpente superior.


Velha questão levantada, entre outros, por William Blake em seus provérbios: O prolífico e o devorador.O prolífico é a fonte. Gera, através de suas atitudes e obras, os frutos do Prazer. O devorador, não passa de uma cisterna. Contém, mas não derrama. Pois bem, esta cisterna recolhe os excessos da Energia do prolífico e, ao mesmo tempo anseia em domesticá-lo, condená-lo à fogueira da estupidez.


Trata-se da peleja entre o bom e o mal. quando na verdade deveria haver um matrimônio entre eles. Mas, ambos poderiam se conciliar? Se existe um caminho do meio para o Ocidente, encontrá-lo-emos. Por hora só podemos tentar. Porém, a hipocrisia, os grilhões do devorador arrastam a humanidade para a escuridão. E o que é a escuridão? Algo assustador não é verdade? Os mais deliciosos dos vinhos e das paisagens. Mas isso depende da qualidade dos teus olhos, do apetite, e de como você reage aos fantasmas. Pois "A noite sorve seios de luz". agora, repare bem, a escuridão oriunda do devorador não seria jamais a Escuridão universal, nem o subconsciente do prolífico, esse que vem a ser justamente o Artista Verdadeiro.


Discorramos um pouco sobre esta estrela-grão-de-areia, este operário do etéreo, da eterna Chama. Falemos sobre o artista..


Quando não se trata de um Homem, de uma Mulher, sua obra nada vale. É apenas a sombra de uma obra, uma imitação, um acumulo, uma facilidade, emfim, a farsa de um esteta celerado. Os grilhões são sua taboa de salvação. Somente o prolífico é capaz de interagir nos corpos do individuo, alterando sua compreensão de si mesmo e da humanidade da qual faz parte.


Por ser um artista, pesquisador, amante, o seu trabalho deve estar centrado não em tornar-se celebre no futuro, mas sim em ter luz própria, agora. Irradias, revelar o segredo de que nós "homo sapiens estamos nos saindo bem, apesar de dizerem o contrário. Que temos realizado muitas coisas da quais podemos nos orgulhar". Com ânimo, deve seguir adiante. Estar atento ao seu corpo, emoções e intelécto. Somente assim poderá sentir e transmitir a sua essência.


Temos uma história para escrever e deve ser escrita já. Com simples, mas poéticas e intensas atitudes. A lógica das lógicas é o Amor. Nunca deveriamos permitir que a arte ( ou a negação da mesma) e o conhecimento se tornassem coisas fúteis, meramente rentáveis, pois assim não passamos de escravos, criminosos. Condizentes ao caos. Aliados à terrivel serpente negativa.

texto: Walter Sarça

2 comentários:

Anônimo disse...

Esse texto foi escrito na época de faculdade pelo nosso grande "mefistofesteiro" Walter Sarça!!! a foto foi tirada por mim e resumiu muito o que é esse ser....sutiu mas denso!!!!Um abraço GRANDE

Juliano DaRede

Unknown disse...

Que delícia esse texto....
Obrigado.....
Axé!!