quinta-feira, julho 26, 2007

Vagabundo Estelar

Salvo as horas que esta tudo
do mesmo lado, dimensionado
No mundo, me acabo...
Destarte em um pulso se abre
a nova janela da arte.
Tao impessoal, vem o sonho
Neste espaço hiperdimensional.

Viajem de um vagabundo hipnótico
Que me abraça, me vence sem único golpe
Ciclope miragem desconhecida,
O som que vibra como um gole

Mendigo da forma escolhida
Da forma desacelerada.
Que passa desapercebida
Na hora neutra da madrugada.

poesia: juliano darede



sábado, julho 14, 2007

PLano / Planta / Planeta Terence McKenna


Nunca houve na história , crise mais profunda que a atual, de sorte que as nossas soluções devem ser igualmente drásticas.
Proponho que adotemos a planta como modelo organizacional da vida no séc. XXI, tal como o computador parece ser o modelo mental/social dominante de fins do séc.XX, e como o motor a vapor foi a imagem norteadora do séc> XIX. Isto significa retornar no tempo a modelos que se mostraram bem-sucedidos há + - 15.000 anos. Feito isso, torna-se possível ver as plantas como alimento, abrigo, vestimenta e fonte de educação e religião.
Para iniciar o processo, declaramos legítimo o que vimos negando há tanto tempo. Declaramos legítima a natureza. Todas as plantas e, por sinal, todos os animais são declarados legais. A noção de plantas e animais ilegais é odiosa e ridícula.

Restabelecer canais de comunicação direta com o SER planetário, o espírito que anima a natureza, através do uso de plantas alucinógenas constitui a nossa última esperança de derrubar as muralhas de inflexibilidade cultural que aparentemente nos levam à verdadeira ruína.

Precisamos de um novo par de óculos para enxergar o caminho que trilhamos neste mundo. Quando o mundo medieval mudou de ponto de vista, a sociedade européia secularizada buscou salvação no renascimento das noções clássicas greco-romanas de lei, filosofia, estética, planejamento urbano e agricultura. Agora, o dilema que enfrentamos nos projetará ainda mais longe no tempo em nossa busca de modelos e respostas.

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Grande parte do mal-estar moderno, inclusive a dependência em relação a substâcias químicas, bem como psicoses e neuroses reprimidas, pode ser resolvida mediante conhecimento direto das verdadeiras dimensões do risco representado pelo uso de plantas psicodélicas. A posição da planta pró-psicodélica é claramente antidrogas. A dependÊncia em relação a drogas resulta de um comportamento habitual, impensado e obsessivo - precisamente as tendÊncias de nossa formação psicológica que as substâncias psicodélicas atenuam. Os alucinógenos contidos nas plantas dissolvem hábitos e submetem as motivações à inspeção, a partir de um ponto de vista mais amplo, menos egocêntrico e mais abalizado dentro do indivíduo. Seria tolice dizer que não há risco, mas é igualmente desinformado dizer que não vale a pena correr tal risco.
O que é preciso é validar experimentalmente uma nova imagem orientadora, uma metáfora dominante capaz de servir de base a um novo modelo social e individual.

A relação entre plantas e seres humanos sempre constituiu a base de nossa existência individual e grupal do mundo.

O que eu chamo de Retorno à Cultura Arcaica é o processo de redespertar a consciÊncia de atitudes tradicionais com relação à natureza, inclusive as plantas e nosso relacionamento com elas. O Retorno... significa a eventual quebra do padrão de domínio e hierarquia masculinos, baseado na organização animal, algo que não pode ser alterado da noite por dia por uma mudança súbita da consciÊncia coletiva. Ao contrário, seguir-se-á naturalmente do reconhecimento gradual de que o tema dominante que rege a recuperação da Cultura Arcaica é a idéia ou o ideal de uma deusa da vegetação, a própria Terra sob a forma de Géia...

Quanto mais próximo um grupo humano estiver da gnose do espírito vegetal - a coletividade telúrica da vida orgânica -, mais íntima será a sua conexão com o arquétipo da Deusa e, portanto, com a forma de organização social à base de participação. A última vez que o pensamento ocidental foi revigorado pela gnose do espírito vegetal se deu em fins da era helênica, antes da supressão final das religiões dos Mistérios por bárbaros cristãos superzelosos.

continua.......
TERENCE MCKENNA

sexta-feira, julho 13, 2007

continuação....


Minha conclusão é que , para darmos o próximo passo evolutivo na direção da retomada da Cultura Arcaica, do renascimento da Deusa e do fim da história profana, teremos de incluir em nossa agenda a noção do reenvolvimento com o espírito vegetal e do ressurgimento deste. Aquele mesmo espírito que nos conduziu a uma linguagem auto-reflexiva nos oferece agora as infinitas paragens da imaginação. Sem esse tipo de relacimento com os exoferomônios psicodélicos que regulam a nossa relação simbiótica com o reino vegetal, ficamos privados do conhecimento da finalidade planetária. E o conhecimneto da finalidade planetária talvez seja a principal contribuição que podemos fazer para o processo evolutivo. Retornar ao seio da participação planetária significa trocar o ponto de vista do ego, criado pela História, por um estilo mais maternal e intuitivo.

Creio que a intuição generalizada da presença de um Desconhecido, sob a forma de companhia feminina na viagem humana através da História, data da primeira vez em que o homem mergulhou no espírito vegetal. Foi essa imersão que propiciou o contexto ritual no qual a consciência humana veio à luz da autopercepção, da auto-reflexão e da auto-expressão: a luz da Grande Deusa.

O que significa aceitar as soluções das formas vegetais de vida como metáforas da condução da vida humana no mundo? Duas mudanças importantes seguir-se-iam à adoção de tal hipótese:

* Feminização da Cultura. A cultura seria feminizada a um ponto que ainda não foi totalmente explorado. A ConsciÊncia Verde significa reconhecer que a divisão real entre masculino e o feminino não é uma divisão entre homens e mulheres, e sim uma divisão entre nós mesmos, como animais conscientes - guerreiros onívoros e desbravadores da terra, suprema expressão do yang -, e o manto de vegetação que envolve o globo - o antigo elemento yin metaestável que constitui, de longe, a maior parte da biomassa do planeta.

* Uma busca interior de valores. A interiorização é a caracterização é a característica do estilo vegetal de existÊncia, e não do estilo animal. O animal caminha, migra e forma novas comunidades, ao passo que as plantas permanecem onde estão. As plantas vivem em uma dimensão caracterizada pelo estado sólido por aquilo que é fixo e resistente. Se há movimento na consciência das plantas, deve ser o movimento do e´spírito e da atenção no nível da imaginação vegetal. Talvez seja este o verdadeiro fim apontando pelo restabelecimento da conexão com a Deusa da vegetação, através das plantas psicodélicas e do Retorno à Cultura Arcaica: que a vida do espírito é a vida que adquire acesso aos reinos visionários existentes em nossas mestras vegetais mágicas. Esta é a verdade que os xamãs sempre souberam e praticaram. A percepção do estado de espírito verde foi chamado de Veriditas por von Bingem, visionário do século XII.
Um novo paradgima capaz de trazer a esperança de um meio que nos arranque da areia movediça de nossa atual cultura deve oferecer uma agenda voltada para o mundo real e para os crescentes problemas enfrentados pelo planeta.
continua em agosto......