sábado, julho 14, 2007

PLano / Planta / Planeta Terence McKenna


Nunca houve na história , crise mais profunda que a atual, de sorte que as nossas soluções devem ser igualmente drásticas.
Proponho que adotemos a planta como modelo organizacional da vida no séc. XXI, tal como o computador parece ser o modelo mental/social dominante de fins do séc.XX, e como o motor a vapor foi a imagem norteadora do séc> XIX. Isto significa retornar no tempo a modelos que se mostraram bem-sucedidos há + - 15.000 anos. Feito isso, torna-se possível ver as plantas como alimento, abrigo, vestimenta e fonte de educação e religião.
Para iniciar o processo, declaramos legítimo o que vimos negando há tanto tempo. Declaramos legítima a natureza. Todas as plantas e, por sinal, todos os animais são declarados legais. A noção de plantas e animais ilegais é odiosa e ridícula.

Restabelecer canais de comunicação direta com o SER planetário, o espírito que anima a natureza, através do uso de plantas alucinógenas constitui a nossa última esperança de derrubar as muralhas de inflexibilidade cultural que aparentemente nos levam à verdadeira ruína.

Precisamos de um novo par de óculos para enxergar o caminho que trilhamos neste mundo. Quando o mundo medieval mudou de ponto de vista, a sociedade européia secularizada buscou salvação no renascimento das noções clássicas greco-romanas de lei, filosofia, estética, planejamento urbano e agricultura. Agora, o dilema que enfrentamos nos projetará ainda mais longe no tempo em nossa busca de modelos e respostas.

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Grande parte do mal-estar moderno, inclusive a dependência em relação a substâcias químicas, bem como psicoses e neuroses reprimidas, pode ser resolvida mediante conhecimento direto das verdadeiras dimensões do risco representado pelo uso de plantas psicodélicas. A posição da planta pró-psicodélica é claramente antidrogas. A dependÊncia em relação a drogas resulta de um comportamento habitual, impensado e obsessivo - precisamente as tendÊncias de nossa formação psicológica que as substâncias psicodélicas atenuam. Os alucinógenos contidos nas plantas dissolvem hábitos e submetem as motivações à inspeção, a partir de um ponto de vista mais amplo, menos egocêntrico e mais abalizado dentro do indivíduo. Seria tolice dizer que não há risco, mas é igualmente desinformado dizer que não vale a pena correr tal risco.
O que é preciso é validar experimentalmente uma nova imagem orientadora, uma metáfora dominante capaz de servir de base a um novo modelo social e individual.

A relação entre plantas e seres humanos sempre constituiu a base de nossa existência individual e grupal do mundo.

O que eu chamo de Retorno à Cultura Arcaica é o processo de redespertar a consciÊncia de atitudes tradicionais com relação à natureza, inclusive as plantas e nosso relacionamento com elas. O Retorno... significa a eventual quebra do padrão de domínio e hierarquia masculinos, baseado na organização animal, algo que não pode ser alterado da noite por dia por uma mudança súbita da consciÊncia coletiva. Ao contrário, seguir-se-á naturalmente do reconhecimento gradual de que o tema dominante que rege a recuperação da Cultura Arcaica é a idéia ou o ideal de uma deusa da vegetação, a própria Terra sob a forma de Géia...

Quanto mais próximo um grupo humano estiver da gnose do espírito vegetal - a coletividade telúrica da vida orgânica -, mais íntima será a sua conexão com o arquétipo da Deusa e, portanto, com a forma de organização social à base de participação. A última vez que o pensamento ocidental foi revigorado pela gnose do espírito vegetal se deu em fins da era helênica, antes da supressão final das religiões dos Mistérios por bárbaros cristãos superzelosos.

continua.......
TERENCE MCKENNA

2 comentários:

Unknown disse...

Viva Terence Mckenna!!!!

Anônimo disse...

CadÊ a continuação ???
Valeu,